Artigo de Marcos Alexandre Cittolin, advogado e mestre em Infraestrutura e Meio Ambiente na Zero Hora de hoje: A CIDADE DOS MEUS SONHOS.
Pelo visto não só dele, mas, nossa também!
"A cidade dos meus sonhos é uma cidade possível. Fundamenta-se no sonho em uma cidade para as pessoas e não para os automóveis. A orientação sobre a sustentabilidade da cidade de meus sonhos está na cidadania e na convicção de que ela é possível, se entendermos que esse maravilhoso condomínio é uma invenção dos humanos. Ela deve existir para todos nós, os cidadãos, que queremos andar a pé, de bicicleta, moto, transporte coletivo, táxi, ou até mesmo de automóvel particular (respeitando os limites). Temos que entender que a cidade é nossa, sim, mas em condomínio com pessoas diferentes, jovens, idosos, ciclistas, cadeirantes, cegos, surdos, atletas, ricos, pobres, enfim, com diferenças, mas podendo ser feliz onde se vive.
A cidade dos meus sonhos tem ciclovias, possibilitando a locomoção com um veículo de transporte maravilhoso, que não polui, não faz barulho, faz bem à saúde e é talvez o mais apropriado para transportar apenas uma pessoa.
A minha cidade tem bondinhos elétricos circulares, e os coletivos e táxis são movidos a combustível não poluente.
A cidade dos meus sonhos tem praças bem cuidadas e parques estruturados para que os cidadãos utilizem como pátios de suas casas. Que possam ser espaços de convivência, de sombra para descanso, contemplação e sonhos.
Minha cidade tem seus rios respeitados por todos como fonte de vida. Ele não recebe esgoto nem lixo. Ele tem vida e transborda apenas sua energia para todos os cidadãos.
Minha cidade tem museus, teatros, espaços públicos de acesso à cultura, pois cultura é direito de todos, inclusive dos que não podem pagar.
Minha cidade tem o centro com limitações de trânsito de automóveis particulares. Tem garagem-entreposto para deixar o carro e ir a pé ou de coletivo até o destino no centro urbano.
Minha cidade tem humanidade, pois não é lógico que uma criação dos humanos seja tão desumana como está sendo.
Nessa cidade, os gestores pensam menos em construir viadutos para servir aos automóveis e mais em fomentar o transporte público, quebrando a lógica de um homem, um carro. Eles guardam o dinheiro dos viadutos para investir em ciclovias, calçadas, iluminação, acessibilidade e segurança.
Nesse ambiente, as pessoas entenderiam que as cidades foram feitas para os cidadãos e depois é que vieram os carros, que viraram a prioridade das políticas de infraestrutura urbana.
Essa cidade só é possível se a intervenção for forte e corajosa.
Essa cidade não é apenas a dos meus sonhos, é a dos sonhos de tantos que estão cansados da baixa qualidade de vida que nossos centros urbanos nos oferecem.
Será mesmo possível? A cidade de meus sonhos é possível e mais barata do que muitos pensam, sem obras bilionárias. A maior obra é a conscientização de que do jeito que estamos indo não haverá mais cidade para ninguém."
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